O Homem Voador de Avicena.

Ibn Sina ou Avicena, médico, filósofo, cientista, astrônomo e polímata persa, é reconhecido por muitos como uma das figuras mais importantes da história da medicina. Embora seja por vezes referido como o pai da medicina moderna, sua influência e importância na medicina da era islâmica e medieval são incontestáveis, especialmente por sua obra “O Cânone da Medicina”.

Suas demais obras incluem escritos sobre filosofia, astronomia, alquimia, geografia, psicologia, teologia islâmica, lógica, matemática, física, além de poesia. Avicena é amplamente considerado como o mais famoso e influente polímata da Era de Ouro Islâmica.

Na metafísica de Avicena, Deus é considerado um ser necessário, o que o leva a fazer uma separação clara entre a existência e a essência das coisas. Ele argumentava que forma e matéria não poderiam interagir por si mesmas, mas que a existência de cada ser depende de algo além de sua forma física.

Avicena procurou demonstrar, por meio de um experimento mental que ele intitulou de “homem voador”, que a mente, ou alma, é distinta e separada do corpo. Ou seja, a alma permanece mesmo após a morte do corpo. Esse argumento antecipou de certa forma o famoso exemplo de Descartes (“Penso, logo existo”) ao tratar da possibilidade de separação entre corpo e alma e da identificação do “eu” com a alma. Em outras palavras, para Avicena, nossa existência “posmortem” é garantida pela consciência.

Partes do Estudo do Homem Voador:

Avicena nos convida a imaginar o seguinte cenário: suponha que acabamos de começar a existir, mas com toda a nossa inteligência intacta. Suponha também que estamos com os olhos vendados e que flutuamos no ar, com nossos membros separados uns dos outros, de modo que não podemos tocar em nada.

Imagine que estamos completamente sem qualquer sensação. Apesar de tudo, temos a certeza de que existimos.

Mas o que é o “eu”? Quem sou eu? Esse “eu” não pode ser qualquer parte do corpo, pois não há nenhuma evidência de que o corpo está presente. O “eu” que se afirma como existente não possui comprimento, largura ou profundidade. Ele não tem extensão ou atributos físicos.

Se, por exemplo, fosse possível imaginar uma mão, ela não seria associada a esse “eu” que sabemos que existe.

Conclui-se, portanto, que o “eu” humano – o que sou – é distinto do corpo ou de qualquer coisa física.

Avicena assegura que a mente, portanto, não pode ser de modo algum como o corpo ou parte dele. Assim, ele conclui que a mente não é destruída quando o corpo morre, sendo algo imortal.

No campo espiritual, Avicena afirmava que “a conversa secreta é um encontro direto entre Deus e a alma, abstraída de todas as restrições materiais”, uma alusão clara à separação entre espírito e matéria.

Posso interpretar que, para Avicena, o “eu” pensante é a nossa consciência imortal, capaz de habitar em qualquer corpo, de maneira semelhante ao conceito da série Altered Carbon, onde a consciência pode ser transferida para qualquer corpo. Se isso fosse possível, imagine como seria ter a mente de Nikola Tesla entre nós, eliminando as limitações do corpo e permitindo um avanço científico contínuo, sem as barreiras do tempo pós-morte.

Artigo: Irmão Barbosa.


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O que é o Tolerâncialismo?

O que é o Tolerâncialismo Movimento filosófico que propõe a união de religiosos e irreligiosos, a partir da amizade entre as pessoas, tendo a religião e a irreligião como algo secundário. A investigação nos vales das religiões, filosofia e ciências deve ser a busca de todo tolerancialista. Primeiramente, deve ser celebrada a amizade entre as … Continue lendo O que é o Tolerâncialismo?