O Caminho do Meio, o Eternalismo e o Niilismo
Sidarta Gautama, mais conhecido como Buda, nos apresenta o Caminho do Meio, que representa o equilíbrio entre os extremos e ensina como reconciliar opostos.
Buda viveu rodeado de luxo e glamour no palácio, mas renunciou a essa vida para se dedicar ao ascetismo, uma prática que envolve abrir mão de todos os confortos materiais em busca de realização espiritual. No entanto, ele percebeu que nem a vida de excessos, nem a extrema privação poderiam acabar com a causa fundamental do sofrimento humano.
O Caminho do Meio nos ensina a lidar com extremos, incluindo duas visões antagônicas: o eternalismo — a crença em uma alma eterna e com propósito — e o seu oposto, o niilismo, que nega valores e sentidos permanentes para as coisas. Na Índia, por exemplo, a escola de filosofia Lokayata defende uma visão materialista, onde a existência é finita, não há crença em vida após a morte e o foco é buscar o prazer máximo na vida presente.
Buda ensinou que os acontecimentos surgem como resultado de causas e condições, e quando essas desaparecem, os fenômenos a elas relacionados também desaparecem. Em resumo, tudo está interconectado e em constante mudança.
No entanto, o ser humano procura permanência e segurança nas coisas, o que está em oposição à visão budista sobre a impermanência de tudo o que existe. Essa dificuldade de lidar com a transitoriedade da vida, incluindo a morte e o fim dos ciclos, é uma das grandes fontes do sofrimento humano, que se manifesta como um desconforto constante e um desencanto existencial.
Para minimizar o sofrimento, Buda apresentou ao mundo as Quatro Nobres Verdades e o Caminho Óctuplo. Esses ensinamentos oferecem orientações para lidar com aspectos da vida que mais preocupam o ser humano, como envelhecimento, doença e morte.
Esses princípios revelam as três marcas universais da existência segundo o budismo: tudo é impermanente, tudo está em transformação e nada possui uma essência fixa. A única certeza é a mudança constante.
O Caminho do Meio nos convida a transitar entre esses opostos com sabedoria.
Por isso, queridos irmãos, que o abraço tem que ser apertado, a conversa tem que ser demorada, nossos momentos têm que ser bem vividos, porque a única verdade é a impermanência de todas as coisas. Amanhã seremos apenas registros nos arquivos de algum cartório.
Artigo: Irmão Barbosa
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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