Não se preocupe com os outros
Imagine que hoje seria o seu último dia aqui na Terra. As pessoas que você ama e as pessoas que te amam iriam sentir a sua falta? Se sim, por quanto tempo? Uma semana, um mês, um ano? Quando digo que não se preocupe com os outros, é por um simples e duro motivo: muito rapidamente a vida deles seguiria sem você.
A vida segue, meus queridos. Talvez a preocupação com as contas seja maior que a sua falta, por um simples motivo: as contas existem; você não existe mais. As juras de amor vão passar, sendo esquecidas pelo tempo. Novas pessoas vão te substituir. Você será apenas uma memória, seja ela boa ou má.
Sabe aquele ditado “quem não é visto, não é lembrado”? Funciona mais ou menos assim. Terá muita sorte se for lembrado de vez em quando. Seus tesouros de batalha serão usados por outras pessoas — casas, carros, roupas — tudo aquilo que você comprou.
Tudo que era seu terá um novo possuidor. Se você puder ver o que vão fazer com suas coisas, tenho certeza que ficará chateado. Tudo aquilo que você comprou com muito esforço e dedicação estará nas mãos de pessoas que não fizeram nada para consegui-lo.
As únicas coisas que valem a pena são aquelas que lhe deram satisfação. O resto são brinquedos nas mãos de crianças mimadas.
Sabe aquela viagem que você não fez? Alguém vai fazê-la com o dinheiro que você deixou. Sabe aquele restaurante caro que você não foi? Eles irão lá, ou talvez em restaurantes até melhores.
Talvez sintam a sua falta, mas entre sentirem a sua falta e se divertirem, sempre vão optar pela segunda opção. Vão brigar nos tribunais por sua herança ou, talvez, façam um bom acordo para que o processo saia mais rápido e possam desfrutar do que você não desfrutou.
No final da vida, vi meu pai querendo fazer coisas que não tinha feito, mas já era tarde, pois sua saúde estava muito debilitada. Será que só vamos dar conta quando já for tarde?
Pare de só pensar nos outros e comece a pensar em você. Entenda uma coisa: lá no fundo, ninguém se importa com as suas escolhas, a menos que isso afete o interesse deles. A maioria das pessoas apenas se interessa por aquilo que não dá atenção a elas.
Quanto mais difícil o acesso, mais se torna objeto de desejo. O oráculo não procura ninguém; eles procuram o oráculo. Não existem herdeiros de pais vivos. Às vezes, o maior erro que você faz é deixar um patrimônio para o seu filho, porque nesse exato momento ele deixa de lutar para conquistar seu próprio patrimônio. Esse é o mal dos herdeiros.
Quando damos coisas de mão beijada para nossos filhos ou parentes, tiramos deles a oportunidade de correrem atrás de seu próprio legado. Uma vez, um pai fez questão de ter seus filhos próximos: construiu casas no mesmo quintal de sua propriedade. Lá moravam com ele seus três filhos.
A intenção do pai foi boa. Ele quis que os filhos não sofressem o que ele sofreu, pagando aluguel até que comprassem suas casas. Mas não se deu conta de que atrasou o progresso dos filhos. Com o passar dos anos, eles não tinham a preocupação de ter suas casas próprias e gastavam o dinheiro com coisas supérfluas. O tempo passou, e nada eles conseguiram conquistar.
Com a melhor das intenções, aquele pai acabou condenando os filhos a não conquistarem nada na vida. Se os filhos tivessem a preocupação com a moradia, muito provavelmente teriam suas casas compradas com o decorrer dos anos. Mas preferiram gastar seu dinheiro com coisas secundárias.
Às vezes, quando damos demasiado conforto aos nossos filhos, estamos os condenando a uma vida de inércia e improdutividade. Uma frase marcante de um pai para seu filho, que ficou muito famosa, é a seguinte:
“Meu filho, busca um reino digno de ti, pois a Macedônia é pequena demais para teus sonhos.”
— Filipe II da Macedônia
O maior presente que um pai pode dar para seus filhos é incentivá-los a conquistar seus próprios objetivos. Ao invés de presenteá-los, deve incentivá-los a correr atrás de seus sonhos, para que a ociosidade não os domine.
A vida é muito curta. Desfrute de seus tesouros de batalha. Caso não o faça, o universo fará com que alguém desfrute em seu lugar. Não se preocupe tanto com os outros. Tenha certeza de uma coisa: eles não vão se preocupar tanto com você. Primeiro pensarão neles, depois naqueles que são seus preferidos e, talvez, em você, caso não haja ninguém na frente.
Viva sua vida de forma leve. Aproveite as suas conquistas. Tenha satisfação e orgulho de tudo aquilo que você construiu. Usufrua mais, se preocupe menos e pense em você. Quando o provedor está feliz, até suas ofertas ao próximo serão mais abençoadas.
Artigo: Irmão Barbosa
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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