A maior lição que recebi de meu pai

A maior lição que recebi de meu pai

Talvez a maior lição que recebi de meu velho pai. Eu estava próximo de completar 18 anos e queria muito um carro. Meu pai tinha condições financeiras que poderiam facilmente me proporcionar a compra de um carro zero popular.

Fazendo a somatória das análises das vendas de meu velho. Decidi que ele poderia me dar o carro. Chamei-o para uma conversa e disse: “Pai, daqui a 15 dias vou fazer aniversário”. Ele me respondeu: “Eu sei disso, mas onde você quer chegar?”. Falei: “Pai, preciso de um carro para o meu trabalho”. Ele disse: “É verdade”.

Estava certo de que era só escolher o modelo. E comunicar ao meu velho. Quando faltavam cinco dias, falei para ele: “Pai, já vi alguns anúncios e quero ir neste final de semana escolher o carro que o senhor vai me dar de presente de 18 anos”.

Meu pai, com olhar sério e penetrante. Olhou-me bem no fundo dos olhos e disse: “Senta aí que vamos ter uma conversa”. Pensei: “Vamos marcar a data”. Ele começou a conversa da seguinte maneira:

Filho, os índios têm um ritual bem interessante. O jovem índio, para provar para sua tribo que já é um homem, deve sair sozinho pela mata e trazer sua primeira caça. Eu perguntei: “Pai, o que essa conversa de índios e caça tem a ver com o meu carro de presente de aniversário de 18 anos?”. Meu pai sorriu e prosseguiu:

Filho, para provar para mim que você virou um homem. Você vai ter que comprar o seu primeiro carro sozinho! Automaticamente, me revoltei. O sangue me subiu à cabeça. Achei que meu pai era o pior dos homens, pois tinha condições de sobra para me proporcionar esse presente.

O que se seguiu adiante? O ressentimento que eu tinha do meu pai naquele momento era tão grande que trabalhei de domingo a domingo para comprar o meu primeiro carro sozinho. Trabalhava de manhã cedo até à noite. Era obstinado. Meu objetivo principal na vida era ter o meu primeiro carro.

Alguns meses depois, eu já tinha o dinheiro. Estava procurando em agências próximas ao meu bairro quando meu velho vinha pela avenida, buzinou para mim e encostou o carro. Disse: “Filho, entra aqui, precisamos conversar”. Então, ríspido, respondi: “Não tenho nada para conversar com você, vou comprar meu carro”. Ele insistiu: “É sobre isso que quero falar com você”. Dei as costas e saí andando.

Ele veio me seguindo pela avenida e insistiu muito. Acabei cedendo. Entrei no carro dele, e ele me levou para uma concessionária. Ele sabia exatamente o carro que eu queria comprar. Conversou com o dono da concessionária e me mostrou o carro. Meu velho era um hábil negociador e conseguiu um bom preço. Acabei optando por ficar com o carro.

Ele disse: “Filho, o seguro e o primeiro tanque de gasolina são por minha conta”. “Você provou ser um homem. Estou muito orgulhoso de você.” Por um momento, toda raiva que eu sentia foi embora. A sensação de que eu tinha vencido aquela batalha me confortava.

Muitos anos depois daquele momento, faço uma reflexão. Meu pai criou um homem. Talvez eu não fosse a pessoa que sou hoje se não fosse o poder dessa lição. Tudo na minha vida é muito batalhado. Quando ponho uma coisa na cabeça, vou até o fim.

Ao meu velho e amado pai. O Barbosão, como era conhecido, hoje não está mais entre nós. Perdi-o no dia 29 de outubro de 2024. Um homem de opinião forte, autoritário, mas, em contraste com sua personalidade, era muito brincalhão. Porém, na hora de falar sério, nunca vi ninguém que falasse como ele.

Nos momentos de dificuldade. Onde só os verdadeiros heróis se apresentam, lá estava o Barbosão: óculos escuros, chapéu na cabeça e cara de poucos amigos. Meu velho me ajudou muito na vida, mas, no início, a maior lição que ele me deu foi me negar o meu primeiro carro.

Meu pai era tipo um profeta do tempo moderno. Ele via coisas lá na frente. Quando ele falava: “Sabe essa pessoa? Você realmente vai saber quem ela é. Você vai se decepcionar. Vai acontecer exatamente isso.” O engraçado é que sempre acontecia.

De alguma maneira, eu sei. Pelo poder da intenção, onde quer que ele esteja, ele vai acompanhar esse texto, vai sorrir, sentir saudade e seguir a nova caminhada no plano espiritual.

Meu querido velho. Como diria na música do Altemar Dutra, sinto muito sua falta. Peço que o Grande Pai Celestial tenha lhe reservado um bom lugar aí. Muito obrigado por essa e por tantas valorosas lições que ajudaram a formar quem eu sou. Do fundo do meu coração: valeu, meu amado pai, te amo muito.

Artigo: Irmão Barbosa.


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O que é o Tolerâncialismo?

O que é o Tolerâncialismo Movimento filosófico que propõe a união de religiosos e irreligiosos, a partir da amizade entre as pessoas, tendo a religião e a irreligião como algo secundário. A investigação nos vales das religiões, filosofia e ciências deve ser a busca de todo tolerancialista. Primeiramente, deve ser celebrada a amizade entre as … Continue lendo O que é o Tolerâncialismo?