Raul Seixas e o Bhagavad Gita.

Raul Seixas e o Bhagavad Gita.

A música Gita, composta por Raul Seixas e Paulo Coelho, foi inspirada pelo livro  Bhagavad Gita, que é um dos livros sagrados do hinduísmo, aonde narra o diálogo de Deus com o homem, nos personagens de Krishna que é um avatar de Vishnu, representando a divindade aqui na terra, para a instrução de Arjuna, que é o homem com o conjunto de suas dúvidas.

Abaixo a minha idéia de interpretação, entre a música Gita, e parte dos escritos do Bhagavad Gita, sendo está apenas a minha cosmovisão dessa correlação.

A primeira parte declamada:

Eu, que já andei pelos quatro cantos do mundo procurando

*Revela a busca do homem, pelo entendimento de quem é Deus, da procura em vários lugares, mas que nada encontrou, que foi em um sonho que ele me falou.

Mostrando que não é no tempo do homem, mas sim no tempo de Deus, em resumo não somos nós que achamos Deus, é ele que nos encontra, e se revela conforme a sua vontade.

Às vezes você me pergunta,
Por que é que eu sou tão calado
Não falo de amor quase nada Nem fico sorrindo ao teu lado.

*Começa a conversa entre o homem e a divindade, um Deus o grande observador, mas que se mantém calado.

Você pensa em mim toda hora
Me come, me cospe, me deixa
Talvez você não entenda
Mas hoje eu vou lhe mostrar:

*De forma consciente ou inconsciente, toda hora pensamos em Deus, partindo do pensamento do próprio Bhagavad Gita, de que Deus está em tudo, então sempre estamos pensando em algo, diretamente se tudo é Deus, pensamos nele toda hora, embora pouco ou quase nunca, o agradecemos por tudo, o me come, me cospe, me deixa, seria um sentimento de insatisfação da divindade com o ser humano, pela ingratidão do não agradecimento pelas bênçãos concedidas.

*A divindade se revela ao homem dizendo:

Eu sou a luz das estrelas
Eu sou a cor do luar
Eu sou as coisas da vida
Eu sou o medo de amar.

*Estrelas e luar são os elementos da natureza, aonde Deus se manifesta, as coisas da vida e o medo de amar, os sentimentos, situações e experiências, que o grande observador proporciona aos seus observados.

Eu sou o medo do fraco
A força da imaginação
O blefe do jogador
Eu sou, eu fui, eu vou.

*O medo do fraco talvez seja a proteção divina aos menos favorecidos, para que não ajam precipitadamente, a força da imaginação é o poder, afinal o todo é mente, o blefe do jogador remete a dualidade, a malícia, a sagacidade da serpente, eu sou, eu fui, eu vou, retrata Deus como o grande viajante, que transita no presente, passado e futuro, sendo este o senhor do tempo.

Eu sou o seu sacrifício
A placa de contramão
O sangue no olhar do vampiro
E as juras de maldição

*Eu sou o seu sacrifício: refere-se ao trabalho e ao esforço do homem para conseguir as coisas, sendo que Deus é a força de que o homem precisa todos os dias, para desenvolver esse trabalho, a placa de contra mão, são os avisos de cuidado que o criador tem para com seus filhos, o sangue no olhar do vampiro, e as juras de maldição, retratam: a nossa necessidade diária de cavar masmorras aos vícios, combater nossas paixões nocivas, exercer o auto controle, o prevalecer da ordem sobre o caos.

Eu sou a vela que acende
Eu sou a luz que se apaga
Eu sou a beira do abismo
Eu sou o tudo e o nada.

*Mostra o princípio da polaridade, os polos, luz, trevas, positivo, negativo e suas variações.

Por que você me pergunta?
Perguntas não vão lhe mostrar
Que eu sou feito da terra
Do fogo, da água e do ar.

*Deus se apresenta como os elementos da natureza, a divindade deixa claro, que apenas perguntas não vão mostrar nada, é necessário a busca iniciativa, o beber da fonte, o perseguir o conhecimento até encontrá-lo.

Você me tem todo dia
Mas não sabe se é bom ou ruim
Mas saiba que eu estou em você
Mas você não está em mim.

Das telhas, eu sou o telhado
A pesca do pescador
A letra A tem meu nome
Dos sonhos, eu sou o amor

*Todos os dias temos a Deus, do café da manhã ao adormecer, muitas vezes estamos no piloto automático, fazemos por fazer sem saber se é bom ou ruim, Deus está em todos nós, mas nós enquanto matéria não estamos nele, estaremos em Deus, quando nossa micro centelha se unir a centelha primordial.

*Das telhas eu sou o telhado, a pesca do pescador, deus como a grande cadeia produtiva, o grande princípio criador, que a tudo se faz manifestar, o oleiro que fez o homem, que fez as telhas cuja obra e o telhado, ligado pelo cimento místico que a todos une, como parte de algo maior.

*A letra A tem meu nome, dos sonhos eu sou o amor, no Bhagavad Gita Krishna diz: eu sou a essência de todas as essências, eu sou o princípio dos mundos e sou o seu fim, os mundos todos estão enfiados em mim, assim como as pérolas unidas por um fio. Eu sou o sabor da água que bebes; eu sou o fulgor da Lua e do Sol; […] eu sou a harmonia dos espaços; eu sou a força procriadora dos homens.

Raul Seixas segue cantando.

Eu sou a dona de casa
Nos pegue-pagues do mundo
Eu sou a mão do carrasco
Sou raso, largo, profundo
(Gita! Gita! Gita! Gita! Gita!)

Eu sou a mosca da sopa
E o dente do tubarão
Eu sou os olhos do cego
E a cegueira da visão.

*Mostra que Deus está presente em tudo e todos, na tranquilade e doçura da dona de casa, e na violência das mãos do carrasco, está na natureza do dente do tubarão, ele é os olhos do cego e a cegueira da visão, leia-se o profano que não recebeu a luz, a mente que não despertou.

Eu, mas eu sou o amargo da língua
A mãe, o pai e o avô
O filho que ainda não veio
O início, o fim e o meio
O início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio
Eu sou o início, o fim e o meio

Deus se revela como a dureza das palavras, quando diz que é o amargo da língua, nos lembra a cultuar a ancestralidade, quando diz: que é a mãe o pai e o avô.

Raul Seixas e o Bhagavad Gita. O filho que ainda não veio, eu sou o início o fim e o meio, Deus mostra ao homem que ele é o passado o presente e o futuro, um viajante do tempo, que transita em diversas linhas, Krishna encerra com a frase dita por ele no Bhagavad Gita:

Nunca houve um tempo em que Eu não existisse, nem você, nem todos esses reis; e no futuro nenhum de nós deixará de existir.

Revelando nesse último texto: a imortalidade de nosso espírito.

Fonte: Letra Gita de Raul Seixas e Paulo Coelho, e estudo do livro Bhagavad Gita.

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Artigo: Irmão Barbosa