O pavonismo, um misto do sexto e sétimo pecados capitais, que são: “Soberba e Vaidade”, envenena a alma de alguns irmãos, sendo esses últimos totalmente antagônicos ao comportamento que todo maçom deve ter.
A Soberba, que vem do latim Superbia, acomete o irmão com um sentimento de superioridade em relação a seus irmãos. Ele se considera o mais sábio e preparado, ostentando sua vaidade exacerbada. Sua arrogância o leva a crer que já sabe tudo, e nesse momento ele fecha a janela de acesso ao conhecimento e para de aprender, tornando-se ultrapassado.
A Vaidade lhe dá a certeza de que é o melhor, o mais conhecedor, e que apenas sua cosmovisão é a correta. Por pura e simples vaidade, expõe o irmão perante toda a loja, quando poderia fazê-lo de maneira reservada, sem pavonismo.
Vejamos uma lição do livro da lei:
Mateus 15:18-20:
Disse Jesus aos seus discípulos: “Se o teu irmão te ofender, vai ter com ele e faz-lhe ver a sua falta, de maneira que o assunto fique só entre os dois. Se ele te ouvir, ganhaste um irmão. Mas, se não te quiser ouvir, leva contigo uma ou duas pessoas, como manda a Escritura: ‘Toda acusação deve ser apoiada no testemunho de duas ou três pessoas.’ Se ele não quiser ouvir essas testemunhas, então comunica o assunto à igreja. E, se ele também se negar a ouvir a igreja, considera-o como pagão e pecador.”
Tomando por base essa lição, o irmão que erra deve ser alertado em reservado, e não na frente de todos. Na hipótese de ser algo que deve ser corrigido na hora, que seja feito de maneira cortês e educada.
Se prestarmos o mínimo de atenção, veremos que alguns irmãos que foram advertidos em lojas estão ausentes.
O pavonismo, ou seja, o ato de ser “pavão”, abrir as asas e se exibir, exige reconhecimento próprio. O pavonista quer ser aplaudido, agindo unicamente para engrandecer a si mesmo, e não a unidade. O grande líder elogia em público e corrige em particular. Já o pavonista, o praticante do pavonismo, deseja a adoração da multidão, almejando sua própria glória e engrandecimento, acreditando ser digno de adoração perante a oficina.
Às vezes, seu comportamento afasta o irmão; suas críticas são feitas apenas para que ele apareça e o irmão diminua. Ele não tem a simples intenção de ensinar aos que não sabem, mas quer a glória, os méritos e toda a atenção.
O pavonista, sim, o próprio praticante do pavonismo, diz: “Tenho tantos anos de ordem, sou grau tal, você não sabe fazer esse cargo.” E, quando se pergunta: “Quem você ajudou essa semana?”, reina o silêncio em ambas as colunas de sua memória, pois o pavonista não pratica o que cobra de seus irmãos.
O pavonismo não é exclusividade dos ignorantes; muitos irmãos com grandes qualidades são acometidos por esse mal. Envenenados pelo poder, humilham e expõem os irmãos mais novos, ou mesmo aqueles que, em sua visão, ousam discordar de suas ideias. Fazem discursos inflamados sobre como as coisas devem ser, mas não vivem o que pregam.
Depois de criticar e expor o irmão perante todos, e de ter ataques concentrados de pavonismo, encerram com a frase: “Todos nós somos eternos aprendizes.” Como se isso atenuasse todo o seu comportamento defeituoso.
O que deve prevalecer são os resultados da ação conjunta, e nunca o engrandecimento de um membro isolado. Muitas vezes, o pavonista exige dos outros qualidades morais que ele próprio não possui.
Tendo o pavonista a ilusão de que a maçonaria o tornou importante, ele apenas ingressou na ordem, mas a verdadeira maçonaria não entrou dentro dele. Os frutos do pavonismo são: divisão da loja, intrigas e a criação de grupos que visam seus próprios interesses, e não o bem-estar da coletividade.
Existem irmãos com muitas dificuldades, sejam elas financeiras, espirituais ou familiares, e a loja deveria ser um bálsamo contra esses males cotidianos. Uma transmutação de energias, onde toda egrégora negativa fosse transformada em bons fluidos e sentimentos benéficos para todos os necessitados. Como alguns irmãos dizem: “Que possamos sair daqui melhores do que entramos.”
Talvez o maior motivo da evasão maçônica seja o mau tratamento que alguns irmãos recebem. Vemos cabos e sargentos sendo mais implacáveis que o próprio general. Parafraseando maçonicamente, querem ser mais disciplinadores que o próprio venerável.
Em 10 ações de nossos fraternos, temos o péssimo hábito de apontar dois defeitos e nunca elogiar as oito qualidades. Talvez, se olharmos para dentro de nós, encontraremos apenas duas qualidades e oito defeitos, mas insistimos em cobrar de nosso irmão a qualidade que não temos dentro de nós.
Temos uma missão: exorcizar o comportamento pavonista, depenar pena a pena o nosso pavão interior, até que o pavonismo seja extinto.
A loja deve ser mais hospital e menos ordem militar, um ambiente para tratar os irmãos que chegam lá com dificuldades. Só assim cresceremos como ordem, como loja e, principalmente, como maçons.
Ao invés de criticar seu irmão, vá até ele e ofereça sua ajuda, e não sua crítica. Talvez ele esteja passando por um momento muito difícil, e precise do apoio de um irmão, e não da crítica de uma pessoa exigente.
Em resumo, se não puder ajudar com suas atitudes, não atrapalhe com suas críticas.
E, como diria Martin Luther King: “Ou aprendemos a conviver como irmãos ou morreremos como loucos.”
Irmão Barbosa
Dedico essa pequena peça de arquitetura, ao querido irmão: Armando Martinelli.
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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