A Escravatura de Antigamente e a Escravatura de Hoje

A Escravatura de Antigamente e a Escravatura de Hoje

Se analisarmos em alguns aspectos, a escravatura de antigamente fazia com que os escravos trabalhassem forçados. A única coisa que recebiam em troca era um teto e comida. Tirando as condições sub-humanas, os maus-tratos e as chicotadas, o que os diferencia de nós?

Estamos trabalhando a troco de quê? Basicamente por comida e moradia. A escravatura continua. Foram retirados os maus-tratos em partes, as chicotadas, e, em alguns casos, as condições sub-humanas persistem. Continuamos trabalhando para pagar nossa comida e nossa moradia. A modernidade agregou novos custos: agora temos água encanada, luz e internet. Mas continuamos escravos de um sistema que se mantém escravagista.

Continuamos trocando nosso tempo por uma casa para morar, comida e algum conforto. Alguns poucos privilegiados podem desfrutar de um ar-condicionado. Ah, esqueci de mencionar que agora podemos escolher nossa comida. Mas será que podemos escolher mesmo? Com a alta dos preços, somos forçados a comer o que conseguimos pagar. É como voltar ao passado, pois nosso senhor da atualidade — leia-se o governo — continua como antigamente, decidindo o que vamos comer no café da manhã, no almoço e no jantar.

Continuamos os mesmos escravos de antigamente. O chicote foi substituído por condições inflexíveis no trabalho. Antigamente, os escravos eram forçados a trabalhar. E hoje? Mudou alguma coisa?

No passado, os escravos eram obrigados a trabalhar de sol a sol, sem descanso e sem direito de escolha. Hoje, o sistema nos aprisiona de outra forma: somos escravos do tempo. Trabalhamos jornadas exaustivas, muitas vezes superiores a 40 horas semanais, sem contar o tempo de deslocamento. No passado, os senhores de engenho decidiam quando o escravo poderia descansar; hoje, são os empregadores, as metas abusivas e a necessidade de pagar contas que determinam quando podemos respirar.

A Ilusão da Liberdade

A grande diferença entre o escravo de ontem e o trabalhador da atualidade é que nos fizeram acreditar que somos livres. Podemos escolher onde trabalhar? Para muitos, não. A necessidade nos obriga a aceitar subempregos exaustivos e mal remunerados.

Podemos escolher não trabalhar? Não, porque sem dinheiro não há teto nem comida. Somos livres para escolher nossas roupas, nossos carros, nossos eletrônicos, mas a que custo? O custo de anos de trabalho e endividamento. A liberdade vendida pelo sistema muitas vezes é apenas uma ilusão.

O Chicote Invisível

Os castigos físicos da escravidão foram substituídos por chicotes invisíveis: a exploração psicológica, o assédio moral, a pressão por produtividade e o medo do desemprego.

Se antes um escravo apanhava caso não produzisse o suficiente, hoje um trabalhador pode ser demitido, humilhado ou descartado se não atender às exigências do mercado. O chicote moderno é o medo de não ter dinheiro para pagar as contas no fim do mês, a humilhação de ter a luz e a água cortadas e o fantasma do despejo.

A Nova Casa Grande e Senzala

No passado, os senhores de escravos viviam na Casa Grande, enquanto os escravos moravam na senzala. Hoje, a elite financeira ocupa mansões luxuosas, enquanto a maioria da população vive em condições precárias, pagando altos aluguéis ou financiamentos que duram décadas.

O sistema continua segregando, e a pirâmide social permanece inalterada: poucos no topo, muitos na base, sustentando toda a estrutura com seu suor e esforço.

Conclusão

A escravidão mudou de forma, mas não desapareceu. O chicote virou cobrança, a senzala virou periferia, o senhor de engenho virou patrão, e o escravo moderno acredita que é livre porque pode escolher a marca do celular ou o modelo do carro financiado.

Mas, no fundo, continuamos presos a um sistema que se alimenta do nosso tempo, do nosso suor e da nossa necessidade. A única forma de romper essa corrente talvez seja enxergar a realidade como ela é e buscar formas de viver de maneira mais autônoma e consciente.

Artigo: Irmão Barbosa.


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O que é o Tolerâncialismo?

O que é o Tolerâncialismo Movimento filosófico que propõe a união de religiosos e irreligiosos, a partir da amizade entre as pessoas, tendo a religião e a irreligião como algo secundário. A investigação nos vales das religiões, filosofia e ciências deve ser a busca de todo tolerancialista. Primeiramente, deve ser celebrada a amizade entre as … Continue lendo O que é o Tolerâncialismo?