A hora do desapego

I

Partindo do princípio que tudo em nossa vida será impermanente, devemos ter ciência que inevitavelmente, chegará a hora do desapego.

Seja com os filhos, trabalho, relacionamentos, todo tipo de ciclo terá o seu final. A vida finaliza e recomeça em novas histórias.

Porque desapegar-se, significa estar pronto para perder, ter o entendimento que nada é definitivo, uma espécie de morra antes de morrer. Que nada mais é que a preparação de sua mente na hora da perda, seja ela de sua própria vida, ou das coisas que fazem parte dela.

Tudo que partir antes de nós, devemos estar preparados para a assimilação dessa perda. Entendermos que causo se trate de nossa própria partida, ou da partida de outrem, a vida continuará seu ciclo, independentemente de quem tenha partido.

Assim a hora do desapego chegará para todos, nosso ecossistema, composto por família, amigos, trabalho e o conjunto de nossa obra existencial, serão dizimados pelo tempo.

É necessário a preparação de nossa mente, para desapegar do hábito experiencial a que fomos acostumados nessa vida.

II

Assim tudo continuará seu próprio ciclo, estando nós aqui ou não. Portanto, necessário se faz apontarmos nossa mente para o próximo estágio. Para um renascimento que dissolverá nossa personalidade, e a personalidade daqueles que estão a nossa volta.

Reviveremos através da recorrência, a rememoração de nossas vidas passadas, novos atores, novos cenários, porém, a mesma essência revivendo os antigos papéis.

Assim até o dia que sejamos merecedores, do poder da escolha, que é concedido para aqueles que tiveram uma expressiva sequência de boas obras nesse plano.

Estar preparado para o desapego é difícil, mas devemos estar exercitando, para ser menos danoso, haja vista o perder ser inevitável, em todas as áreas de nossa vida, o tempo ceifará a todos.

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Se pensarmos, que tudo nunca foi nosso, que tudo apenas está emprestado, talvez a hora do desapego seja menos traumática.

Assim quando amamos incondicionalmente, deixamos partir, o amor está na liberdade de deixar o outro ir, o saber que todos estão seguindo suas vidas, e que isso será o melhor para eles.

Nos destituirmos do sentimento de posse, praticarmos a beleza da contemplação, deixar que as águas do rio fluam, nos libertará do ciclo das repetições.

III

Estarmos constantemente nos preparando para o lapso temporal, deixará nosso espírito mais forte para o prosseguir.

Nos anteciparmos a realidade da impermanência, entendendo-a como a realidade natural de todas as coisas, nos fará a focar no viver o presente, e tirar melhor proveito de nossa vida, e de tudo que a circunda.

A posse é um entorpecente, que vicia o ser no apego, criando a ilusão da eternidade das coisas.

Desapegar-se é a prática da verdadeira liberdade, uma preparação iniciática, aonde aprendemos a seguinte lição:

por tanto morra antes de morrer, para que desenvolvas o aprendizado do renascer em vida, para que quando haja o desencarne, verdadeiramente o renascimento seja uma realidade.


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Artigo: Irmão Barbosa