A impermanência das coisas dissolverá o velho e o novo, o inteligente e o bobo, o forte e o fraco, todos serão levados por ela. Talvez estejamos vivendo em um sonho chamado vida, talvez estejamos acordados e a morte seja um sonho, mas que diferença isso faz? Talvez tudo seja um sono profundo, e todo o processo seja mental.
Tudo é feito de ciclos, começo, meio e fim. Se já sabemos isso, por que seguimos a nossa vida como se ela nunca fosse acabar? A finitude nos aguarda na esquina do tempo, e estamos agindo como se ela não existisse.
Estamos apegados a bens materiais e a relacionamentos, que estão fadados à impermanência. Exercemos um selvagem sentimento de posse, sendo que tudo é impermanente: uma hora perderemos, e outra hora, os que ficam, nos perderão.
Criamos tantas expectativas com o futuro e falamos tanto do passado, que acabamos por perder a maior bênção de todas, que é viver o presente, aproveitar a vida no aqui e agora.
Devemos ter um contato direto com a impermanência. A melhor maneira de fazermos isso é indo a um cemitério. Lá veremos o destino final do rico e do pobre, do tolo e do sábio, de toda a raça humana. A impermanência levou a todos.
Um dia, as pirâmides do Egito irão virar pó. As mais belas construções desse mundo vão deixar de existir, e os homens mais ricos irão partir. Por que deixamos nossa felicidade para depois, se não sabemos se no próximo minuto nosso coração poderá se recusar a dar a próxima batida?
Somos escravos de uma matrix que leva de nós os melhores anos de nossa vida. Trabalhamos para pagar as contas, realmente gastamos pouco em nossa satisfação, e muito em pagar impostos e na miserável e mecânica vida. Somos robôs programados para trabalhar e pagar as contas do grande sistema controlador da sociedade.
Será que precisamos do melhor carro? Da melhor casa? Do melhor escritório? Quanto de sofrimento foi adquirido para conquistar todas essas coisas? Suas conquistas podem facilmente ser a origem do teu sofrimento.
O que será da sua memória daqui a 100 anos? Talvez nem seus netos lembrem, e após eles, é certo que seu nome não seja mais lembrado. Qual foi a última vez que você se conectou com os quatro elementos? Quanto tempo faz que não anda descalço à beira de uma praia, ou entrou no mar, ou sentiu a brisa no rosto, ou mesmo os raios solares em meio a um lindo dia de domingo?
Seus avós ainda são vivos? Se sim, abrace-os enquanto é tempo. Caso não sejam, quanto você pagaria para poder fazer isso novamente? Quantos parentes, amigos e pessoas que você ama já se foram? O que você daria para rever a pessoa mais importante que já passou por sua vida, e que hoje já não está mais aqui?
A vida é o encontro das pessoas, um encontro com prazo de validade. O abraço, o beijo, o bem-querer devem ser feitos como se fossem a última vez. Ao invés de sentir inveja, brigar ou maltratar, use esse precioso tempo para celebrar a amizade entre as pessoas. Brinde à vida com seus amigos e familiares. Faça do seu mundo um lugar melhor para se viver.
As uniões, felizes ou não, irão se desfazer, seja por sua vontade ou pela impermanência. As personalidades irão ser dissolvidas pelo tempo, tudo que nasceu terá a hora de sua morte.
Tudo está em processo de mutação. A natureza cuidará de rearranjar sua matéria em outras formas. A cada ano que passa, a morte te espera no caminho. Suas aptidões físicas não serão mais as mesmas, sua memória te abandonará, teu corpo pouco a pouco definhará, isso caso você tenha a sorte de uma vida longa.
Aproveite cada segundo de tua existência, pois a única coisa certa na vida é a impermanência de todas as coisas.
Artigo: Irmão Barbosa.
+ artigos, acesse: https://toleran.org
Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
Saiba + sobre o Tolerâncialismo:
