A Toda a Linhagem de Meu Clã
Nas tradições antigas da África. Uma pessoa é inseparável de sua linhagem. Ela continua a viver através do indivíduo, sendo este o representante do clã. Quando saúdo uma pessoa, não estou saudando apenas o indivíduo isoladamente, mas, através dela, toda a linhagem dos seus antepassados é reverenciada naquele momento.
Cada nome que carrego em minha mente. E que sai de minha boca é uma ponte espiritual entre os tempos do ontem e do hoje. Não se fala um nome sem despertar a memória daqueles que nos trouxeram ao mundo.
Cada lembrança é a invocação. Dos feitos e das bênçãos dos que vieram antes. Assim como a árvore não nega suas raízes, eu não posso me separar dos que caminharam antes de mim. Eles pavimentaram o caminho batido de terra que hoje chamo de estrada.
Meu rosto reflete os traços de meus ancestrais. Minha voz, mesmo semeada no presente, traz o eco de suas palavras, ditas em um passado distante, reverberadas em um tempo mais recente e que romperam a barreira do amanhã que chamo de hoje.
Ao acordar, ergo e carrego comigo. As esperanças não concluídas de meus antepassados. Ao me deitar, descanso nos sonhos inconclusos daqueles que já não caminham mais entre nós, mas cujos passos dados no passado ainda guiam os meus. Cada gesto, cada escolha, cada silêncio e cada palavra carregam a força de um legado que não se apaga, mas se renova e deve inspirar cada nova geração.
Dizem nossos irmãos mais velhos. Que um homem sem lembrança de sua ancestralidade é como um rio sem nascente: ele corre, mas não sabe de onde veio, e cedo ou tarde seca na aridez do esquecimento.
Por isso, em cada saudação. Em cada nome pronunciado com respeito, tecemos novamente os fios invisíveis que ligam passado, presente e futuro.
Em nome de meus pais. Em nome de meus avós por parte de mãe, em nome de meus avós por parte de pai e de toda minha linhagem e sua anterioridade, eu sou quem sou por conta dos que vieram antes. Saúdo minha família e toda sua ancestralidade.
Artigo: Irmão Barbosa.
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