A pior de todas as prisões é estar preso em sua própria mente.
Estar preso em suas posses materiais — imóveis, carros, títulos, cargos e medalhas — é a pior de todas as prisões deste planeta.
O sentimento de posse é o ópio da humanidade. Prazeres momentâneos frente à realidade de nossa transitoriedade.
Perdemos momentos preciosos de nossa existência perseguindo bens materiais. O dinheiro e o status são a nova droga da humanidade. Que moral temos para falar de um viciado, se também o somos?
Tudo é uma questão cultural. A cocaína, no final do século XIX até meados do século XX, era vista como uma substância com propriedades medicinais e era recomendada para tratar diversas condições, como fadiga, depressão, dor de cabeça e problemas respiratórios. Por exemplo, Sigmund Freud defendia o uso da cocaína para tratar depressão e dependência de morfina.
Nada se fala dos efeitos nocivos da nova droga. A sociedade reverencia homens e mulheres bem-sucedidos, não se importando com o preço que eles estão pagando. Assim como a cocaína, que antigamente era bem aceita no meio social, o poder, o status e o dinheiro são endeusados nesta nova sociedade doente.
Essa nova droga é tão poderosa que, mesmo em seus leitos de morte, homens e mulheres anseiam pela última dose. A diferença entre as drogas tradicionais e essa nova droga é que, para esta última, não existe um período de abstinência que acabe. Os novos usuários não conseguem cessar o domínio e os efeitos que seguem.
É mais fácil para um humano vencer o álcool, o crack e a cocaína do que vencer a busca por ser bem-sucedido no campo material. Seguem presos na prisão de sua mente, imaginando o novo carro, a nova casa, a expansão de seus negócios. Em sua imaginação, o dinheiro acumulado os torna deuses.
A Matrix dos Humanos e a Matrix das Abelhas
Dizem que toda abelha que você vê voando por aí já é idosa. Em pesquisas em sites especializados sobre abelhas, descobri o modo de trabalho delas em diferentes fases da vida. Vejamos:
- Quando jovens, realizam trabalhos internos, como a limpeza das células de cria (operárias faxineiras), a alimentação da cria (nutrizes) e a construção de células de cria (construtoras).
- Quando mais velhas, realizam trabalhos externos, como a defesa da colônia (guardas) e a coleta de recursos, como pólen, néctar, resina e água (campeiras ou forrageiras).
Na primeira fase da vida, as abelhas fazem trabalhos de limpeza e alimentação da cria. Veja como isso se parece com a vida humana: no início, aceitamos qualquer trabalho para sustentar nossa família.
Depois, as abelhas se tornam construtoras — paradoxalmente, outro link com a nossa vida, procurando alugar ou comprar uma casa. Essa é a nossa fase de abelha construtora, quando queremos a todo custo ter o nosso canto para encontrar segurança e proteger a família.
Quando as abelhas ficam mais velhas, viram guardas das colônias. Outra similaridade: em determinada fase de nossa maturidade, protegemos nosso lar e começamos a planejar possíveis sucessões, visando à continuidade da colmeia.
No final de suas vidas, as abelhas saem para coletar pólen. Muitos de nós começamos a tentar provar os prazeres da vida já em tenra idade, o que leva a uma reflexão: será que precisávamos trabalhar tanto para só depois, quando o corpo já está cansado, nos darmos o direito de desfrutar os frutos de nosso trabalho?
Quantas semelhanças temos com as abelhas!
Iremos perseguir o néctar já exauridos em nosso corpo físico? A vida é muito breve para ser levada tão a sério. Muitos de nós obteriam proveito de nossos esforços apenas no final de nossas vidas? É possível conciliar as duas coisas: desfrutar agora exige planejamento. Sendo bem organizados, podemos ter o melhor dos dois mundos.
O que muda é que diferentemente das abelhas, nós temos opções de fazer escolhas diferentes, temos a opção de viver uma vida fora da matrix, nos é possível reprogramar a linha de comando.
Irmão Barbosa.
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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