As vozes na cabeça do homem.

As vozes na cabeça do homem.

Às vezes o homem ouve um daemon, ou a própria voz de sua mente, e toma decisões precipitadas, no Baghavagita, precisamente no diálogo de Arjuna e Krishina, Arjuna não queria batalhar pois temia matar seus parentes, sua voz interior não queria a guerra, mas é convencido por Krishina, de que devia cumprir seu destino de guerreiro.

Notamos nesse caso, que a consciência humana foi mais pacificadora do que a voz de um Deus, como seria Isso possível? Se nós meros mortais com tantas limitações, poderíamos escolher a decisão tão sábia, de evitar um massacre e um banho de sangue, e Um ser superior preferiria a guerra e a morte?

Tais interpretações nos levam a uma grande dúvida. De quem é a voz que está falando conosco? seria a nossa mente responsável, por criar essas armadilhas? Estaríamos sujeitos a influência de maus espíritos? Ou nossa natureza é má?

Uma outra hipótese também deve ser avaliada, a de que os dirigentes, tivessem incluído nos textos sagrados situações que lhe interessassem, pois dessa forma teriam todos os homens em suas mãos. E poderiam criar formas de controle baseados em suas linhas de pensamento.

E ainda tentarem justificar, o ato de matar com a seguinte argumentação:

Segue diálogo de Krishina: 

O ato de matar só criará carma negativo se for pelos motivos errados, ódio ou cobiça por exemplo.

Krishina segue sua argumentação, para que Arjuna lute: Você é imortal e passa por sucessivas encarnações de modo que ninguém morre, na verdade só o corpo morre a alma viverá de novo em outro corpo.

Aqui é apresentada, uma justificativa para a matança, o padrão clássico da recompensa, aonde se dá a certeza de uma vida futura, para aqueles que cumpram os desígnios celestiais. As vozes na cabeça do homem.

Já duas novas filosofias, que não tem a figura diretamente de um Deus centralizador, que são o budismo e o jainismo, tem como dogma maior os preceitos da não-violência, e o não matar como sua principal bandeira.

Visão esta que representava uma ruptura com o velho sistema védico. O dilema de Arjuna sobre duas óticas:

A visão da religião e seus dirigentes, que talvez atribuam ao divino, as linhas de pensamentos que querem, para impor seus padrões de controle, para com os seus seguidores, isso seria a religião.

A segunda ótica:

Uma visão da própria natureza, sem um Deus controlador, aonde aflore a vontade dos iluminados, exercendo assim um pacto de não violência, de não matar em nome de Deus, haja vista este não ser o epicentro de sua crença, a prática das nobres virtudes, para que se reestabeleça o equilíbrio.

Interpreto o dilema de Arjuna da seguinte forma:

As vozes em sua mente, e o desenho da batalha campal que está prestes para começar. É a eterna guerra da dualidade em nossa mente.

Onde os próprios homens e suas facetas se manifestam, um lado quer controlar a tudo e fazer as coisas do jeito que possa beneficiá-lo, esse lado é a religião.

E o outro, a voz dos bons princípios, aonde ocorre a manifestação do bem, a sequência de bons pensamentos boas palavras e boas atitudes, que são a ordem sobre o caos, isso seria a voz da razão.

Notemos que a parábola do diálogo de Krishina e Arjuna, é a batalha cotidiana entre a personificação do bem e do mal, o campo de batalha é a nossa mente. As vozes na cabeça do homem.

Devemos fazer uma ampla e detalhada reflexão:

O que é a voz dos homens, o que é a voz de Deus, e o que é a voz da razão. Constantemente o homem tem confundido a própria voz da sua mente, com a voz de Deus, entendo eu que a voz da razão, não a minha razão ou a sua razão, mas a voz da ordem sobre o caos, aquela que traz o equilíbrio, e organiza nosso ecossistema, essa é a voz que devemos ouvir.

Por: Sérgio F. Barbosa

Este texto é parte integrante do livro de Toleran, O Livro do Tolerâncialismo.

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Artigo: Irmão Barbosa