Livre Arbítrio ou a Escolha de Deus
Muitas vezes em nossa vida, enfrentamos uma grande questão existencial: será que estamos prontos para saber escolher as coisas?
Há quem diga que nós não sabemos escolher, mas Deus sabe e sempre tomará a melhor escolha por nós. Um pequeno exemplo abaixo:
Um pai não queria, sob hipótese alguma, ter um segundo filho. Essa era a escolha que ele acreditava ser a mais certa para sua vida. Sendo pai pela primeira vez, ele acreditava que tudo já estava bom do jeito que estava.
A esposa anunciou a gravidez, e o pai não acreditava que aquilo seria uma bênção em sua vida. Pensou nas dificuldades em criar mais um filho, nas despesas financeiras e em novamente refazer todo o ciclo da paternidade. Para o pai terreno, ter um segundo filho não seria a decisão mais acertada para aquele momento.
Nasce então o segundo filho. Com o passar dos anos, aquela criança foi um dos maiores presentes daquela casa, enchendo o coração do pai de alegria e trazendo felicidade para a família.
A escolha do pai terreno, nesse caso, não seria a mais sábia. Faltaria algo, e talvez a família não fosse tão feliz se não fosse a chegada do segundo filho.
Nesse caso, a escolha do Pai Divino foi a escolha que trouxe alegria e bênçãos para todos os membros daquele clã, ficando comprovado que a escolha do pai terreno não era a mais acertada.
A salvação virá pela graça de Deus, não por virtude humana. O arbítrio humano é fraco. O ser humano, por ser fraco, escolherá sempre o pecado em vez de Deus. Os humanos, portanto, não seriam livres para escolherem a Deus.
Se o pai terreno pudesse escolher e não ter o segundo filho, não seria manifesta a alegria na vida daquela família com a chegada do próximo filho. Esse exemplo mostrou que a escolha do pai terreno não seria a melhor escolha.
Acreditando na onipotência de Deus, que lhe confere a sabedoria necessária para não errar em suas escolhas, ainda se diz que a escolha de Deus não substitui a escolha humana, mas a possibilita.
A linha de pensamento de Santo Agostinho de Hipona, conhecida como a doutrina da predestinação, foi adotada por reformistas protestantes, sendo talvez o mais conhecido deles João Calvino.
Se mal interpretada, a doutrina da predestinação trará à tona o paradoxo do livre arbítrio. Essa doutrina não pode ser defendida às custas da liberdade dos fiéis. Se manipulada por líderes religiosos mal intencionados, poderá escravizar todo um povo.
Por isso, é importante a busca pela liberdade de saber diferenciar as vozes: a da divina providência, a verdadeira voz da sabedoria, e a voz dos devaneios de líderes que tentam, a todo custo, manipular o rebanho para a execução de seus interesses.
Cabe a nós promover o equilíbrio entre a escolha de Deus e a escolha humana, procurando sempre a orientação do divino, evitando intermediários.
Devemos nos guiar por várias escolas, para que possamos desenvolver sabedoria, que, aliada à suprema sabedoria divina, nos norteará nas decisões mais importantes de nossa vida.
Assim como Agostinho de Hipona, que buscou conhecimento em outras casas, estudou filosofia grega em Cartago e abraçou o maniqueísmo, uma religião persa, voltando depois para o cristianismo. Ele trouxe uma linha de pensamento diferente e hoje é considerado um dos maiores pensadores cristãos.
Tomás de Aquino também utilizou a filosofia grega, sobretudo a obra de Aristóteles, conhecimentos esses implementados na teologia cristã.
A experimentação de Agostinho de Hipona veio quando ele buscou conhecimento fora do seu meio, adquirindo novos saberes. Isso lhe possibilitou novos caminhos. A construção do conhecimento só se torna possível quando nos tornamos buscadores pela experimentação
Artigo: Irmão Barbosa
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