Não tenho tempo!

A desculpa clássica que ouvimos na sociedade: “não tenho tempo!”. Uma vida agitada tem tornado essa resposta um ato protocolar. Será que, ao dizermos isso, já estaríamos manifestando uma negação ao convite?

Quando dizemos que não temos tempo para algo, seria uma resposta instintiva, revelando um desinteresse em assumir determinados compromissos? Ou seria, realmente, uma falha nossa na boa administração do tempo?

Lao-Tsé resume essas indagações em uma frase atribuída a sua autoria: “O tempo é uma coisa criada. Dizer ‘não tenho tempo’ é como dizer ‘não quero’.”

Quem foi Lao-Tsé:

Lao-Tsé foi um filósofo e escritor chinês, nascido aproximadamente no século VI a.C., conhecido como o fundador do Taoismo. A ele é atribuída a autoria do famoso livro Tao Te Ching, um dos textos fundamentais da filosofia chinesa, que explora o conceito de “Tao” (o Caminho) como força natural e guia da harmonia universal.

Sua obra influenciou profundamente a espiritualidade, a ética e o modo de viver do povo chinês, promovendo valores como a simplicidade, a humildade e o desapego. Lao-Tsé é lembrado por sua sabedoria sobre equilíbrio e harmonia, sendo uma figura central na cultura popular e na filosofia da China e do Oriente.

Antes mesmo de concluirmos um convite, já formulamos a resposta em nossa mente: “eu não tenho tempo”. Isso nos leva a um dilema filosófico: quando precisamos fazer algo que não nos parece agradável, usamos o “não tenho tempo” como desculpa? Ou realmente estamos ocupados com nossos afazeres?

Esse comportamento, no entanto, normalmente não se aplica quando o assunto é algo de nosso interesse. Aí, damos um jeito de encontrar tempo na agenda. Lao-Tsé estaria certo ao dizer que o tempo é algo criado? Só “criamos” tempo quando algo nos interessa? Isso mostraria que somos seres egoístas?

Quanto de nosso tempo dedicamos às pessoas mais importantes de nossa vida? Quanto tempo leva para digitar um “bom dia”, perguntar “você está bem?” ou dizer “eu te amo”?

O tempo é um dos poucos ativos que não existe reposição. Talvez estejamos desperdiçando-o com coisas e pessoas erradas. É nosso dever aprender a administrá-lo, ou, em breve, mudaremos a frase “não tenho tempo” para “não tive tempo”.

O “não tive tempo” é muito triste: não tive tempo de dizer “eu te amo” para nossos pais ou para a pessoa amada; não tive tempo de viajar; não tive tempo de estar ao lado das pessoas que realmente fazem valer a pena nossa existência.

Ligar é mais importante do que digitar, mas, se não houver tempo para ligar, ao menos digite. Escrever, independentemente da caligrafia, além de ser um ato de carinho, deixará registrado o quanto você se importa com determinada pessoa. Com o passar dos anos, esse pode ser o único registro que acalente a memória de alguém.

A obra mais conhecida de Lao-Tsé é o Tao Te Ching, também chamado de Dao De Jing. Este livro é o principal texto do Taoismo e contém ensinamentos sobre o “Tao” (o Caminho) e o “Te” (a virtude). Composto por 81 versos poéticos, o Tao Te Ching explora temas como equilíbrio, harmonia com a natureza e a importância do desapego e, principalmente, da humildade.

Embora o Tao Te Ching seja sua única obra conhecida, a influência de Lao-Tsé se estende a diversas interpretações e adaptações, sendo sua filosofia uma base para a literatura espiritual e filosófica no Oriente.

Artigo: Irmão Barbosa.