O Criador do Criador, a Fonte de Todas as Fontes
A substância de todas as substâncias, a fonte de todas as fontes. Não possui início nem final, pois é o centro onde tudo gira ao seu redor, sem arquétipos que o materializem em seu estado original. A fonte de energia infinita pode se materializar no arquétipo que quiser, para que possamos ter um raso entendimento de sua magnitude.
Essa é a concepção do Pai da Criação por esta escola. Tomamos visões emprestadas em nossa busca, e essas experimentações hoje formam nosso limitado conjunto de crenças. A ciência pouco sabe sobre matéria e energia escura. Pessoas mais esclarecidas rechaçam o velho arquétipo do criador — um velho de barba, poderosamente sentado em seu trono. Alguns religiosos assim o idealizam, ao passo que os descrentes do modelo convencional se voltam para a ciência, desprezando o conceito de crença apresentada nas religiões. Ambos procuram nos lugares errados.
E se pensarmos que o criador não possui arquétipo algum, mas apenas os permite devido ao nosso raso entendimento? Nosso precário compreender nos sugere o seguinte: o princípio criador não está na luz, mas na escuridão infinita e misteriosa — um espaço de vazio onde tudo se dissolve e se integra. No futuro, a compreensão da massa e da energia escura nos mostrará as chaves desse entendimento.
O início não existe, ele sempre foi mental. Vamos imaginar um cenário de uma moradia muito antiga, especificamente: a Grande Pirâmide de Gizé, construída para ser o túmulo do faraó Quéops, da IV Dinastia, por volta de 2580 a.C. Ele seria o “primeiro morador”, mas a câmara funerária foi encontrada vazia, sem evidências de seu sepultamento ali. Mas vamos teorizar que ele tenha sido o primeiro morador. O que havia antes dessa pirâmide?
Antes da Grande Pirâmide de Gizé, as tumbas reais eram mastabas, estruturas retangulares. Depois, surgiu a Pirâmide de Djoser, a primeira grande construção em pedra, que inspirou as pirâmides posteriores. E antes disso? Vejamos: antes das mastabas, os egípcios enterravam seus mortos em covas simples no deserto, com preservação natural dos corpos. E antes disso? Antes, os corpos eram deixados expostos, sem sepultamentos. Apenas existia o terreno. Como foi concebido esse terreno?
No artigo A quem realmente estamos prestando culto, menciono uma citação do astrofísico João Steiner, professor do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da USP: a Terra possui 4,5 bilhões de anos. E antes disso?
A Terra se formou há cerca de 4,5 bilhões de anos a partir de uma nuvem de gás e poeira no Sistema Solar. A gravidade fez essa nuvem girar, formando o Sol no centro e, ao redor, pequenos corpos que se uniram para criar os planetas. A Terra cresceu por colisões e aquecimento interno, formando as camadas que conhecemos: núcleo, manto e crosta. E antes disso?
Devemos entender que, entre 4,5 bilhões e 13,8 bilhões de anos, há um espaço de tempo considerável. Mas vamos diretamente à teoria científica mais aceita até a presente data.
O universo teoricamente começou há 13,8 bilhões de anos com o Big Bang, uma explosão que criou espaço, tempo e matéria. Com o resfriamento, partículas se uniram em átomos, formando estrelas e galáxias. Cerca de 9 bilhões de anos depois, surgiu o Sistema Solar, onde a Terra se formou a partir de uma nuvem de gás e poeira. E antes disso?
Algumas teorias sugerem que, antes do Big Bang, poderiam existir:
- Universo Cíclico: ciclos de expansão e contração, com o Big Bang reiniciando o universo.
- Cosmologia Quântica: um estado quântico sem tempo que originou o Big Bang.
- Multiverso Inflacionário: nosso universo seria uma bolha em um multiverso eterno.
- Universo do Nada: o universo surgindo espontaneamente do nada ou de um quase nada pela física quântica.
Voltando à questão das pirâmides: elas existem, temos provas materiais disso. Seguindo a mesma linha de pensamento, vejamos:
A Grande Pirâmide de Gizé foi concebida por uma mente que viu a necessidade de um local para um determinado fim. Primeiramente, a construção se iniciou na cabeça de alguém. Antes de existir fisicamente, ela foi criada no campo mental, seja pelo próprio faraó, seus arquitetos ou os responsáveis por sua construção.
O princípio hermético “O Todo é Mente; o Universo é Mental” sugere que a realidade é uma criação da Mente Universal, e tudo está conectado por essa consciência primordial. Isso destaca o poder da mente em influenciar e transformar a realidade.
Conseguimos demonstrar, por um exemplo físico, a construção da pirâmide de Gizé, que primeiramente foi concebida pela mente de alguém. Isso é inegável.
O princípio da correspondência afirma que “o que está em cima é como o que está embaixo”, indicando que tudo na realidade está interligado e que os padrões se repetem em diferentes níveis (físico, mental e espiritual).
Se analisarmos cuidadosamente, ciências, filosofias, esoterismo e religiões sempre falaram da mesma coisa, apenas por linguagens diferentes. Em Gênesis 1:26-27, a Bíblia diz que Deus criou o ser humano à Sua imagem e semelhança, indicando uma conexão espiritual entre a humanidade e o Criador.
Várias escolas e diversas interpretações sempre convergem para o mesmo ponto. As antigas mitologias não usavam a palavra “Deus”, mas sempre mencionavam o Criador. Exemplos incluem:
- Indígenas das Américas: O Grande Criador ou Grande Espírito (Wakan Tanka).
- Maori (Nova Zelândia): Io Matua Kore, ser primordial.
- Egípcia: Atum, que criou o mundo a partir do caos.
- Hindu: Brahma, o Criador no sistema Trimurti, junto com Vishnu e Shiva.
- Africana: Yoruba: Olodumare, criador supremo.
- Aborígenes Australianos: Baiame e outros seres criadores no Tempo do Sonho.
Essas culturas associam o Criador a forças primordiais ligadas à natureza e ao equilíbrio cósmico, sem o velho arquétipo judaico-cristão.
Conclusão: Spinoza e Eliphas
Na obra Ética, Espinosa aborda a criação do universo de forma única. Ele afirma que Deus e a natureza são a mesma coisa (Deus sive Natura) e que Deus é uma substância infinita que existe por si mesma, sendo causa de tudo que existe. No Livro I, Propósito 29, ele afirma:
Deus é a causa imanente de todas as coisas, e não uma causa transitiva.
Isso significa que, para Espinosa, Deus não criou o universo como algo separado, mas está presente em todas as coisas, sendo a própria essência do universo.
Eliphas Levi, em Dogma e Ritual da Alta Magia, defende que a união entre a ciência material e a ciência espiritual é necessária para que o ser humano alcance um conhecimento completo, integrando a compreensão do mundo físico com as verdades ocultas e espirituais.
Para fecharmos essa conta, a ciência primeiramente deve entender a matéria e a energia escura, que até a presente data têm o seguinte parecer:
Estudos das sondas WMAP e Planck, que analisaram a radiação cósmica de fundo, concluíram que o universo observável é composto de cerca de:
- 5%: matéria visível,
- 27%: matéria escura,
- 68%: energia escura.
Ou seja, as ciências, sejam tradicionais ou espirituais, as religiões, filosofias, sistemas iniciáticos ou fraternidades abertas, e os povos com suas mitologias, falam de algo que foi o ponto de partida. Explicações diferentes, por diferentes escolas, mas que convergem ao mesmo ponto.
O primeiro motor, mesmo que filosoficamente, põe fim ao regresso infinito da pergunta: quem foi o criador do criador? Segundo Aristóteles, o primeiro motor é imóvel. Ele é a causa inicial e imutável de tudo, sem ser movido por algo anterior, evitando o regresso infinito de causas. É eterno, perfeito e imutável, sendo a base para entender o cosmos.
Vamos imaginar uma escala menor. Você já viu um banco de madeira? Onde primeiramente ele foi concebido? Na fábrica? Primeiramente, ele teve origem na mente de alguém. Seu fabricante imaginou sua forma, medidas, estilo e todos os detalhes. Na mente de seu criador foram dados os comandos para o tipo de madeira que seria usado, as ferramentas necessárias para sua confecção, e todo o processo de criação do banco de madeira foi ordenado na mente de seu criador.
Qual a dificuldade de pensarmos do micro para o macro? Algo foi criado, não é mesmo, meus senhores e senhoras? O Todo é mente; o universo é mental. Toda a humanidade já tem essa resposta. A ciência falará sobre o Big Bang ou qualquer outra teoria nova mais aceita pela comunidade científica. As religiões falarão de um Deus. A filosofia defenderá suas ideias, seja ela o primeiro motor ou qualquer outra linha de raciocínio. O script sempre será o mesmo: milhares e milhares de formas de contar a mesma história.
O inegável é que algo aconteceu, e depois disso, houve um processo de continuidade, onde a construção seguiu adiante. Talvez, quando entendermos as leis da natureza, entenderemos o Todo. O religioso entenderá a Deus, o cientista entenderá a ciência e o filósofo entenderá a verdade.
Atualmente, estamos 95% no escuro. Primeiramente, é necessário entendermos os mistérios da escuridão, da matéria e da energia escura, para só depois disso termos um pálido clarão do entendimento dessa complexa questão.
Artigo: Irmão Barbosa.
Aqui apenas o entendimento dessa escola de filosofia, chamada Tolerancialismo, postagem, 7/7
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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