O Ego e a Fórmula da Besta Humana.

Em nossa iniciação, ouvimos o venerável mestre dizer: Sic Transit Gloria Mundi, que significa: toda a glória deste mundo é passageira.

Nossos cargos são temporários e transitórios; o neófito de hoje irá dirigir a oficina de amanhã, em uma alusão clara aos nossos rituais, onde se diz:

A fórmula da besta humana: o iniciado matará seu iniciador. O venerável mestre é apenas um aprendiz que nunca desistiu, e um dia verá sua loja ser capitaneada pelo aprendiz que ele próprio iniciou.

Meu tio foi governador do Lions Clube e traçou um paralelo interessante com a maçonaria:

Ele me disse: “No Lions, assim como na maçonaria, todos somos voluntários e estamos lá para servir; não deveria haver espaço para desfile de egos.”

Quando somos despojados de nossos metais, devemos entender que essa lição fala sobre estarmos despidos de posses, títulos, e, principalmente, que, ao passarmos pela porta do templo, nosso ego não deve entrar e jamais participar de nossos trabalhos.

Quando saímos de nossas casas e temporariamente deixamos nossas famílias, estamos ali como voluntários da fraternidade, para tornar mais fácil a vida de cada irmão.

Essa deveria ser a tônica de nossos trabalhos.

Mas o que realmente acontece?

Alguns irmãos são tomados pelo ego e querem, a todo custo, mostrar que conhecem mais de maçonaria do que seus fraternos.

As conversas se tornam verdadeiros campeonatos de ritualística, onde há uma vontade louca e desenfreada de querer superar os conhecimentos de seus interlocutores, demonstrando a todo custo que o irmão está errado e ele está certo.

A ritualística deve ser o princípio organizador de nossos trabalhos, o norte a ser seguido, e jamais um elemento de discórdia entre nossos irmãos.

Temos um poder de Banco Imobiliário, mas a única diferença é que, no Banco Imobiliário, a gente se diverte mais.

Sabemos que a maçonaria trata-se de ordem e disciplina, mas também precisa ser um lugar de acolhimento, irmandade, e emanação de energias que transformem as dificuldades momentâneas de nossa existência.

O tempo no cargo passa, e o que ficará será apenas a forma como o ocupante daquela função deixou sua marca na memória dos irmãos que conviveram com ele.

Deixo uma pergunta aos ocupantes de cada cargo:

Você deixará saudades ou alívio na memória de seus irmãos? A abelha nos deixa um maravilhoso exemplo:

Cada abelha trabalha pela sua colmeia, e cada uma faz a sua parte. O resultado é o sucesso daquele espaço. Se fizermos o mesmo, sem nos preocuparmos com cargos, graus, títulos ou medalhas, nossa colmeia — leia-se loja — crescerá e se tornará um lugar próspero, saudável e, principalmente, uma casa onde nossa família viverá em paz e agirá como uma força transmutadora de realidade, onde possamos sair melhores do que entramos.

Irmão Barbosa.