Presos na bolha de nossa própria existência
A maioria de nós está preso na bolha da própria existência. Temos ido a lugares maravilhosos, paisagens deslumbrantes, festas, uma vida com muitas experiências boas. O grande problema é que tudo isso não é real, está na tela do celular.
As redes sociais são hologramas que simulam a vida perfeita. Em determinadas redes, não existem pessoas feias ou tristes. A nova caverna digital está à nossa frente. Fora dessa caverna existe a vida — poucas pessoas têm coragem de sair da nova caverna.
Estamos presos na bolha de nossa própria existência. Deitados em nossas camas, rolando a tela e vendo lugares maravilhosos, pessoas lindas e felizes — uma armadilha de Maya. Corpos frente às telas de nossos dispositivos enquanto a vida passa lá fora.
Maya é a ilusão de que o mundo e as coisas que percebemos têm uma existência independente, permanente e substancial. De acordo com o budismo, essa visão equivocada é a raiz do apego, do desejo e, por consequência, do sofrimento (dukkha).
A verdadeira rede social é uma mesa cheia de pessoas, interagindo olho no olho, falando, dando risada ou mesmo brigando. Lá você está em contato com a realidade. Face a face, enxergará quem é quem — mesmo que não descubra, ao menos a interação ali é real.
Devemos trocar o sofá e a nossa cama pela rua, a interação virtual pela visual. Abrir mão de viver em uma simulação digital, para ser tocado pelo vento da vida real.
A grande maioria das pessoas morrerá encarcerada em sua própria bolha existencial, fechada em suas casas vendo o próximo conteúdo — não vivendo a realidade de uma vida analógica.
É preferível o silêncio de uma vida vazia do que o barulho de uma vida digital sem sentido. Existe o mundo daquilo que as pessoas querem te mostrar, e outro completamente diferente: o que realmente acontece fora das câmeras.
Estamos desesperados por aprovação social, mesmo que seja uma aprovação de mentira, sem sentimentos — desde que esteja registrada nos comentários. Devemos entender que a vida não é aquilo que as pessoas pensam sobre nós, mas aquilo que temos certeza de quem somos.
Quando você tem consciência de quem você é, e não se importa com a aprovação da torcida, o copo de veneno que lhe é oferecido não será tomado e, por conseguinte, não lhe fará mal.
Liberte-se do holograma da vida perfeita dos outros. Viva sua vida dia após dia, apreciando até mesmo tuas imperfeições. Cada tropeço, cada acerto — feios ou bonitos — são seus. Celebre cada detalhe de tua vida com contemplação. Essa é a vida real.
Artigo: Irmão Barbosa.
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Este Artigo faz parte do Livro de Toleran. O Livro do Tolerâncialismo.
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