Weltanschauung: a Verdade Particular de Cada Um.

O que é Weltanschauung? É a cosmovisão, a forma como cada um enxerga o mundo, a visão que temos da realidade. A definição perfeita seria: “a verdade particular de cada um”.

A quarta instrução diz que o simples ignorante está mais próximo da verdade que o presunçoso. Para aproximar-se da fonte pura da verdade, não devemos buscar as sábias lições dos Mestres, mas, sobretudo, o exercício da meditação.

A instrução de uma sociedade secreta, diz: também que a tradição iniciática conserva intactas entre nós apenas “noções da Verdade”, pois a verdade absoluta está além do nosso entendimento.

O que existe é a cosmovisão de cada um sobre o que é verdade. Cada pessoa, no íntimo de seu ser, possui a sua verdade suprema, a sua Weltanschauung; aquilo em que realmente acredita, independentemente das opiniões alheias. Mesmo que seja um disparate, em sua cosmovisão, ele acredita com toda a convicção que aquilo é a verdade que deve seguir.

A fogueira das vaidades nos traz a necessidade de criarmos nossas verdades particulares como mecanismo de defesa em benefício próprio.

Partindo dessa cosmovisão, afirmamos, ou pior, chegamos a acreditar que: nossa dor é mais intensa que a do vizinho, que nossas necessidades são mais urgentes que as do próximo e que nossa cosmovisão é a correta.

O cristão tem na Bíblia a sua verdade suprema; o judeu acredita que tudo que está fora da Torá não pode estar relacionado à verdade. Já os seguidores do Islã acreditam que a suprema verdade está no Alcorão.

Três livros sagrados, em que os mais devotos de cada um têm uma visão etnocêntrica, acreditando que sua verdade é mais verdadeira que a dos outros.

Assim somos nós: damos prioridade à crítica, pelo simples prazer de criticar, em vez de analisarmos o conteúdo apresentado. Muitas vezes impomos nossa opinião como uma espécie de verdade absoluta, sobrepondo-a à do próximo.

Concentramos toda a nossa energia na crítica, apenas para nossa autopromoção, quando deveríamos focar nossos esforços no conteúdo positivo de cada ação e analisá-lo com imparcialidade.

No entanto, devemos estar constantemente abertos à crítica, desde que ela seja bem fundamentada e pautada em evidências. Afinal, um melhor argumento sempre deve sobrepor o anterior.

O princípio da polaridade diz o seguinte:

“Tudo é duplo; tudo tem pólos; tudo tem o seu oposto; o igual e o desigual são a mesma coisa; os opostos são idênticos em natureza, mas diferentes em grau; os extremos se tocam; todas as verdades são meias-verdades; todos os paradoxos podem ser reconciliados.” – O Caibalion

Se olharmos para um termômetro, não podemos dizer com exatidão onde começa o calor e onde termina o frio. Os dois termos, calor e frio, apenas indicam a variação de grau da mesma coisa, ou seja, a temperatura; portanto, calor e frio são a mesma coisa, apenas em graus diferentes.

Os sofistas afirmam que a verdade é sempre relativa, enquanto a posição socrática afirma que podem existir argumentos melhores que os nossos.

A verdade em diferentes pontos de vista: a verdade do ateu é que Deus não existe; a verdade do cristão é que o ateu está errado.

Imagine a seguinte situação: um pastor evangélico tem uma filha que pretende se casar com alguém que pertence à religião do candomblé, e eles desejam fazer o ritual de casamento no terreiro. O pastor tem a sua opinião, ou seja, sua parcial verdade particular; ele diz que respeita, mas não aceita. Quem está errado?

Na visão do pastor, a filha está errada, e na visão da filha, o pai é um etnocêntrico.

Com medo de sermos taxados de intolerantes, improvisamos um relativismo, dizendo que cada um tem a sua verdade; tentamos demonstrar respeito, mas, infelizmente, na maioria das vezes, as pessoas não respeitam, apenas toleram.

Seriam as religiões guias de auto ajuda? E Buda, Jesus, Maomé e Dalai Lama seriam consultores do sucesso existencial? Como dito na quarta instrução, temos apenas noções da verdade. As religiões e seus mestres são mapas que guiam seus seguidores na busca pela verdade.

De um ponto de vista mais prático, todos nós somos ateus em relação à religião do próximo.

A verdade seria mutável? “Nada está parado; tudo se move; tudo vibra.” A verdade evolui. A concepção de verdade há 300 anos era uma, e agora, em nossos tempos atuais, é outra; tudo se move, tudo vibra, inclusive a verdade.

Aqueles que têm a ambiciosa pretensão de compreender a verdade absoluta e que lançam investigações sobre esse conhecimento infinito são como cegos em um labirinto. Irão perambular até perder toda a sua consciência mental.

Serão como o rato que corre na roda de sua gaiola, em ritmo alucinado, mas sem sair do lugar, não obtendo resultado algum senão a fadiga da mesmice das várias tentativas.

Aquilo que constitui a verdade fundamental, a realidade substancial, está muito além de uma denominação verdadeira, mas os homens esclarecidos chamam-no de O Todo.

Partes da verdade por René Descartes: “Penso, logo existo”. Tudo o que é material nasceu primeiro na mente e depois se materializou no plano terrestre.

Descartes entendeu que a única forma de se chegar a um pálido clarão da verdade é duvidando. Tudo o que for colocado em dúvida apresentará elementos indubitáveis, ou seja, aspectos que não podem ser contestados.

Essas frações são apenas pequenas noções da Verdade, indo além, o próprio René Descartes chegou à conclusão de que a única coisa totalmente indubitável seria a própria dúvida.

Artigo: Irmão Barbosa.


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O que é o Tolerâncialismo?

O que é o Tolerâncialismo Movimento filosófico que propõe a união de religiosos e irreligiosos, a partir da amizade entre as pessoas, tendo a religião e a irreligião como algo secundário. A investigação nos vales das religiões, filosofia e ciências deve ser a busca de todo tolerancialista. Primeiramente, deve ser celebrada a amizade entre as … Continue lendo O que é o Tolerâncialismo?